Quando mentir se torna uma doença ?

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Pesquisador da Unifesp explica as principais causas e consequências deste distúrbio comportamental.

O dia 1º de abril é lembrado em todo o mundo como o Dia Internacional da Mentira, quando diversas pequenas mentiras são contadas por pessoas em todo o planeta para pregar peças nos amigos. Apesar das características cômicas do dia, a mentira nem sempre pode ser classificada como uma brincadeira saudável. Em alguns casos, quando há excessos no ato de mentir, ela pode ser diagnosticada como mitomania, também conhecida como a doença do mentiroso.
Trata-se de uma necessidade incontrolável do ser humano de mentir. A doença, que deve ser tratada por um psicólogo ou psiquiatra antes que a vida do paciente entre em um completo caos, é cada vez mais comum por conta da disseminação do ato de mentir na sociedade, segundo apontam especialistas.
Ricardo Monezi, pesquisador do Instituto de Medicina Comportamental da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), afirma que “não é da natureza do ser humano mentir. Tanto é que a mentira não incomoda apenas o cérebro, mas o organismo humano como um todo. Quando estudamos fisiologia do comportamento sempre observamos o homem constituído sobre três dimensões: biológica, psicológica e social”.

Reflexos

“A mentira, o ato de trabalhar com ações não reais, nasce do psicológico. Ao se espalhar, vemos que o corpo também sofre reflexos. O ser humano não foi programado para mentir. Todas as vezes que você mente, no caso de uma pessoa normal, algumas áreas dele ficam te lembrando da não veracidade daquela informação”, completa o especialista.
Para o pesquisador, diversos indícios podem ser vistos na pessoa no momento em que ela mente. O ato de mentir chega a causar taquicardia, alteração na pressão arterial e na frequência respiratória, além de modificações em alguns componentes do suor. “Há ainda liberação de hormônios ligados ao stress, como cortisona e adrenalina. É possível também ver ainda pela musculatura da face”, afirma ainda.
Este tipo de distúrbio comportamental pode afetar não só a saúde do paciente, mas também sua vida social. De acordo com o Monezi, “a pessoa constrói uma série de símbolos e histórias e vive dentro delas, dentro dessa realidade paralela, diferente daquela verdadeira, onde todos estamos. Inevitavelmente o portador desta doença começará a ser excluído dos seus círculos sociais”.

Causas da mitomania

A doença do mentiroso pode ter início após experiências traumáticas ao longo da vida do paciente, ou até a partir do convício social com indivíduos que possuem o hábito de mentir. Além destes fatores, as disfunções neuroquímicas, também são apontados como pontos de desencadeamento do transtorno.
“As pessoas muitas vezes entram nestes quadros após sofrer um grande estresse pós-traumático. Acaba se tornando uma válvula de escape da dor que ele sente por não viver de acordo com os padrões estabelecidos pela sociedade. Temos também quadros de pessoas ansiosas que começam a mentir para disfarçar a ansiedade. O mitômano não nasceu doente. Muitas vezes ele foi produto de um meio”, continua.

Quando a mentira pode ser diagnosticada como doença?

Segundo Monezi, a mitomania pode ser confirmada a partir do momento em que a pessoa vive menos a realidade e as verdades da vida, passando a se concentrar somente em suas mentiras.
“Quando a pessoa deixa de ter o controle da sua própria verdade isso se torna uma doença. Ela se isola do convívio domiciliar, não quer trabalhar por conta das mentiras. A pessoa passa a ter uma compulsão, uma coisa descontrolada”, diz o pesquisador da Unifesp.

Fonte: Band 

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