O maior gol da copa do mundo foi para a ciência

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Na abertura da copa de 2014, o mundo assistiu um dos maiores fenômenos da Neurociência Brasileira. Não sabem do que estou falando? Não acredito! Muitos ficaram tão envolvidos com a Claudia Leite, JLo e outras atrações que acabaram não percebendo um paraplégico chutando a bola com o exoesqueleto de Nicolelis. Fique impressionado com o resultado da pesquisa, mas indignado com a rapidez da tv brasileira em mostrar esse resultado em apenas 3 segundos, acredita? Também o que se esperar de um pais que não tem nem a profissão de cientista regulamentada? Enfim, isso é assunto para outra post, vamos focar no lado bom e contar sobre esse projeto. Como diriam os psicólogos, fale mais sobre isso!  
Há 30 anos o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis vem trabalhando juntamente com 25 países e 150 pesquisadores no projeto Walk Again (Andar de novo), associado a diversos laboratórios de pesquisa pelo mundo. A ideia é fazer com que pessoas que tenham perdido os movimentos voltem a andar através desses equipamentos, tendo sensações reais de como estivesse andando. 
O exoesqueleto capta as atividades cerebrais de quem a veste e transforma os impulsos em movimentos. Ele fica preso ao corpo que envolvem os membros paralisado. Além de garantir os movimentos, vai permitir terem sensações reais de seus pés. Interessante, né? Os pesquisadores do Instituto Internacional de Neurociências de Natal, lugar onde foi desenvolvido o projeto, deram até um nome carinhoso para essa suposta roupa robótico, chamando-a de  BRA-Santos Dumont. Entenda melhor esse projeto nessa entrevista do Dr. Nicolelis (Assista aqui). Anteriormente pesquisado em macacos, essa pesquisa experimental começou a ser melhor explorada e hoje foi demonstrada pelo paraplégico Juliano Pinto, de 29 anos, chutando a brazuca na abertura da copa, veja o vídeo.

Viu? eles podiam ter explorado melhor esse projeto na abertura, não acham? Algumas pessoas ficaram extremamente decepcionadas com a importância que FIFA deu para a demostração desse projeto, inclusive eu. Dizem as más línguas que esses dois auxiliares tiveram que ficar ao lado, pois o exoesqueleto não reconheceu o colchão que colocaram no gramado, sendo todos os testes laboratoriais realizados no chão. Dessa forma a TV não focou as imagens como estratégia de não mostrar o que estava acontecendo. Se é verdade eu não sei, mas confira algumas opiniões de pesquisadores e internautas sobre o projeto. 

Paul Lu, cientista americano paraplégico que pesquisa o uso de células-tronco para lesões de medula na Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD), nos Estados Unidos
"O que foi exibido ao mundo, infelizmente, é tudo o que já se sabia do exoesqueleto: uma dúvida profunda a respeito de todos os seus potenciais, desdobramentos e capacidades. A questão, agora, não é mais ser cético em relação a um avanço científico que pode revolucionar vidas, é cobrar vigorosamente seriedade e luminosidade com promessas que envolvam dinheiro público, almas angustiadas e anseios de milhões de pessoas."

Jairo Marques, jornalista, cadeirante paulistano e colunista do jornal Folha de S.Paulo
"Esse pequeno chute é um grande passo para a ciência, que mostra que o homem é capaz de sonhar e de tentar colocar em prática seus sonhos. No entanto, acredito que pesquisas como a estimulação elétrica, feita por pesquisadores brasileiros, é uma maneira bem mais inteligente de recuperar os movimentos dos paraplégicos. São duas frentes de estudos que podem fazer com que pessoas com lesões medulares possam realizar o sonho de voltar a andar."

Benny Schimidt, chefe do laboratório de patologia neuromuscular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
"A demonstração é um ato simbólico do esforço para usar a ciência e a robótica moderna no lugar da tecnologia centenária das cadeiras de rodas. Podemos e devemos superar essa era antiga e fazer algo melhor. Nicolelis e seus colegas estão, claramente, dando um passo nessa direção. O mais importante é que essa tecnologia possa se tornar prática e útil para pessoas com lesões e que ela seja tão confiável e efetiva quanto uma cadeira de rodas. Veremos no futuro se esse será ou não o caso.” 

Mark Tuszynski, neurocientista americano e diretor do Center for Neural Repair da Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD), nos Estados Unidos
"A demonstração é positiva, pois chama a atenção para os paraplégicos. No entanto, é um show para abertura da Copa, sem mostrar grandes avanços científicos. Em 2012, uma paraplégica correu uma maratona com um exoesqueleto e essa não é uma tecnologia nova. Além disso, a estrutura é muito pesada, de 70 quilos e, se houver uma queda, isso pode levar a graves lesões — pessoas com lesões medulares costumam ter osteoporose e qualquer queda é perigosa. O exoesqueleto não vai resolver o problema de quem tem lesões medulares."

Alberto Cliquet Júnior, professor titular do departamento de Ortopedia e Traumatologia da Unicamp e de Engenharia Elétrica na Universidade de São Paulo (USP) 
"Mesmo depois da demonstração não fica muito claro se isso será um avanço. A ciência, tradicionalmente, é movida por cientistas que publicam suas descobertas em revistas científicas rigorosas que promovem uma análise justa dos feitos dos cientistas. Isso ainda não foi feito com o projeto Andar de Novo. Estou curioso para o momento em que isso seja feito e então cientistas e engenheiros poderão avaliar os progressos que esse time fez."

Muitas opiniões, né? Mas, mesmo com todo esse aglomerado de ideias e criticas,  temos que parabenizar o Dr. Nicolelis pela divulgação da ciência no mundo e a descoberta de novas alternativas, qualidade de vida e tratamento de pacientes. Parabééns!!

** Os depoimentos foram tirados da revista veja (Link). Os demais conteúdos são de autoria do fundador do blog.

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