Psicologia do Esporte pela Dra.Sonia Román.

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A psicóloga Sonia Román especialista em psicologia de esporte, conta sobre suas experiências, seu livro, trabalhos científicos e sobre a psicologia esportiva hoje no Brasil.

Começou sua carreira no esporte em 1995 e em 2000 passou a atuar na psicologia de esporte no Departamento Profissional do Santos Futebol Clube. Após um ano com o técnico Giba foi para o Departamento Amador onde fez parte da geração “meninos da vila”, desenvolveu seu trabalho com os jogadores da seleção brasileira Neymar Júnior, Felipe , André e Diego, entre outros. Que agradecem em forma de depoimentos o grande trabalho da psicóloga em seu livro “Estou mais Leve”.

Segundo a psicóloga para o jogador ter um bom desempenho tem que ter um “certo stress” no corpo, se o jogador não tiver um determinado stress, o seu desempenho cai, e como consequência interfere seu conhecimento técnico arquivado no cerebelo. O atleta pensa numa jogada, selecionada dentre tantas, e manda a mensagem para o cerebelo executá-la com a coordenação motora automatizada pela repetição do treinamento técnico. O sistema nervoso através das sinapses dos neurônios faz a ordem chegar aos músculos donde executa a jogada final. Esse caminho funciona bem com um certo stress que alguns psicólogos chamam de Eustress (stress ideal, stress bom..), já a Dra. Sonia Román chama de Eutress.

Se esse caminho que vai ser usado pela coordenação motora estiver com excesso de stress os músculos ficarão muito tensos, e a mensagem não será passada com maestria, nesse caso, entrando no stress maligno ou distress. No outro oposto do stress estão os músculos muito relaxados, quando o jogador pode estar na zona de conforto com rompantes narcísicos, quando acha que não precisa de muita concentração, muito treino, pois já nasceu privilegiado. A tristeza e o desanimo também podem entrar nessa área.

O papel do psicólogo é saber em que nível de stress o atleta está, se no ideal, se muito estressado ou se na zona de conforto. O psicólogo afinará esse jogador, tirando-o do stress máximo, diluindo a ansiedade do medo, do pânico, das tensões das cobranças, melhorando a disfunção de seu pensar, tornando suas cognições mais funcionais para que entre na ativação ideal. E para aqueles que estão demasiadamente calmos fazer com que se tensionem, levando-os a um bom stress de desempenho que é o foco da psicologia do esporte.

Atualmente uma das maiores dificuldades da psicologia esportiva é a falta de informação dos técnicos sobre o trabalho do psicólogo, que demonstram resistência pela falta de conhecimento. O técnico tem bons conhecimentos de dinâmicas, técnicas e táticas de jogadas, mas deixam a desejar sobre o estado psicológico desses jogadores. Se o jogador tem um mau desempenho, o técnico manda-o para o banco de reserva, uma punição que funciona como reforço negativo para não demonstrar o comportamento de não jogar bem. Não querendo ficar no banco o jogador começa a ter rompantes de raiva e pode começar a pensar “Esse lugar não é pra mim, o que o técnico esta pensando? “Ele vai ver só quando eu entrar... vou fazer dois gols para calar a boca de todo mundo”. Essa raiva é motivacional mas não é adequada para o trabalho da motivação pois é condicionante: se não jogar bem, não volta. Assim o atleta desconhece quais os pensamentos anteriores ao jogo que levou-o a jogar mal: se desanimo, zona de conforto, ansiedade etc. Com esse método o técnico terá resultados momentâneos eliciados pela raiva do atleta mas não serão estados duradouros. Com os métodos da psicologia o jogador ganha consciência sobre os pensamentos que o levaram ao banco e a razão pela qual não jogou bem. Com conhecimento de técnicas psicológicas como o desafio dos pensamentos, o jogador muda sua maneira de pensar para que não volte ao banco de “bobeira” . Se estava na zona de conforto, por exemplo, saberá mudar sua frequência de calma para eutress. Ao ganhar conhecimento do que fazer consigo mesmo, torna-se seu próprio terapeuta e não dependerá de comportamentos alheios a si para mudar.

Em seu livro "Estou mais leve" nome escolhido por ser a frase que mais ouviu ao final de seus atendimentos a psicóloga Sonia Román mostra uma tabulação analisada por 10 anos com os pensamentos mais comuns dos jogadores, donde percebemos que o medo de errar se torna constante na área esportiva.  Esse medo gera ansiedade nos jogadores que ficam mais propensos ao erro. Suas atividades foram mais acentuadas no futebol, porém as aplicações dessas técnicas se estendem para várias modalidade esportivas.


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9 comentários:

  • Jorge Diniz disse...

    Admiro pessoas que nem vc que fazem a diferença na profissão que escolhe, essa entrevista foi muito valida a todos que ama psicologia e esporte.

  • Sandro Garcia disse...

    Psicólogo do Santos Futebol Clube, sou santista desde criança e não sabia que o time tem psicologo, legal essa entrevista, já me acrescentou algo.

  • Mateus disse...

    Olá a todos,

    Eu costumo jogar futebol com meus amigos, e geralmente apresento um bom desempenho, até de destaque entre os demais. Porém, quando eu jogo um campeonato, meu desempenho é péssimo. As jogadas não ocorrem como o esperado, os dribles não acontecem como deviam, simplesmente travo. A parte ruim é que as pessoas me credibilizam e depositam confiança em mim para jogar o campeonato, e acabo não correspondendo.


    Alguem mais passa por algo assim?

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